terça-feira, 3 de maio de 2011

O vento

      O único a casa que enxerga o vento é o cachorro.
  Detém-se á porta da cozinha,rosnando para o pátio
 ventado,cheio de latas inquietas e papéis decididamente maluco.
  E nos seus olhos  fixos e rancorosos vê-se o desvario do vento,
a incurabilidade do vento,os seus cabelos em corrupio,os seus
braços que parecem mil,os seus trapos flutuantes de espantalho ,
toda aquela agitação seu causa e que é ainda menos instável,no
entretanto,que a terrível desordem da sua cabeça :pois o vento nunca pode
assentar as idéias.(Mário Quintana . Prosa E Verso)

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